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NUNCA (VISÃO FEMININA)

Nunca se julgue superior.

– Eu sei que sou, mas tudo bem

Nunca responda para seu pai.

Lembre-se. Que ele paga seu cartão

Nunca contrarie seu marido.

Diga que sim e faça do seu jeito

Nunca nem que o mundo caia sobre mim, as pazes contigo farei.

Só se me levar para Firenze…

Nunca mais quero seu beijo.

Até você ir ao dentista

Nunca mais.

Reclame dos meus gastos, você gosta de mulher bonita!

Nunca vou esquecer de você.

Só se aparecer alguém melhor.

Nunca fale sem pensar.

Mesmo pensando, você já fala muita besteira!

Nunca diga dessa água não beberei.

Água de torneira? Deus me livre!

Nunca é tarde para estudar.

De manhã rende mais!

Nunca é tarde para sonhar.

Principalmente se estiver de pijama.

 

Nunca sei nada (Pessoa)

Principalmente minhas senhas

Nunca mais quero ver você pela frente.

Prefiro que você vá atrás de mim carregando as malas

Nunca minta para seu marido.

Só em extrema necessidade

Nunca num excesso de raiva, jogue as coisas pro ar.

A tela do celular é cara

Nunca chore sobre o leite derramado.

Não fui eu que derramei, sou alérgica à lactose

Nunca julgue ninguém.

Eu hein?  Não quero ser julgada.

Nunca diga nunca.

Digo sempre, mas não adianta

NUNCA (VISÃO MASCULINA)

Nunca se julgue superior.

– Principalmente se você estiver no subsolo

Nunca responda para sua mãe.

– É feio, muito feio

Nunca contrarie sua mulher.

– Seja inteligente, ela sempre tem razão

Nunca nem que o mundo caia sobre mim, as pazes contigo farei.

-Tá errado, tem que fazer as pazes, sempre alguma coisa boa vai pintar depois

Nunca mais quero seu beijo.

– Só por que estou comendo pizza de alho?

Nunca mais.

-Você insiste? Vou escovar os dentes.

Nunca vou esquecer  você.

– Só do dia do seu aniversário

Nunca fale sem pensar.

– De pensar morreu um burro

Nunca diga dessa água não beberei.

– Água de beber, água de beber camará

Nunca é tarde para estudar.

– Só depois da meia noite

 

Nunca é tarde para sonhar.

– Ô meu, cai na real, teu tempo passou

Nunca sei nada (Pessoa)

– Por isso você tem que dar palpite em tudo?

Nunca mais quero ver você pela frente.

– Só de costas. Você tem um bumbum lindo

Nunca minta para sua mulher.

– Se precisar, omita.

Nunca num aceso de raiva, jogue as coisas pro ar.

– Você vai ter que recolher depois

Nunca chore sobre o leite derramado.

-Pega o rodo e vai limpar o chão.

Nunca julgue ninguém.

– Deixe sua sogra fazer isso

Nunca diga nunca.

– Dai não tem volta

O Menino da Porteira

Tudo começou com a maravilhosa composição de Teddy Vieira e Luiz Raimundo, depois eternizada pelo cantor Sérgio Reis, do “ Menino da Porteira. “

 

Confesso que minha avó, Dona Feliciana era a única parteira da cidadezinha onde eu morava de nome “ Bela Estrada” em Minas.

 

Não havia ninguém, que tivesse nascido lá, que não fosse pelas mãos de Dona Feliciana. Havia aprendido com sua mãe dona Sebastiana, desde pequena a ser parteira, como sua mãe.

 

Magrinha, de mãos delicadas e olhar profundo, nada escapava de sua visão.

 

Era adorada no lugar. Todos os dias me levava a escola no pré-primário e depois no primário.

 

Todos diziam: “ Lá vai o menino da parteira”, de gozação, claro.

 

Quando eu aprontava alguma na escola, não fazia a lição, ou participasse de uma bagunça na classe, quem era chamada? A vó Feliciana.

 

Na cidade, ninguém me chamava por João Caetano, que é o meu nome, mas por                “menino da parteira. “

 

Quando comecei, o secundário já ia sozinho para escola, mas no caminho todos ainda insistiam: Lá vai o “menino da parteira” e davam risada.

 

Foi assim até que eu comecei o colegial. Quando enfim terminei, ficou uma grande dúvida na minha cabeça. “ Que carreira vou seguir? “ Aliás como acontece com quase todos os jovens.

 

Uma noite sonhei com vó Feliciana que ainda era viva, só que em outra dimensão. No sonho ela me dizia para ser médico. Virar parteiro e manter a tradição da família.

 

Aquilo ficou na minha cabeça. Médico? Logo eu? Prefiro ser jogador de futebol.

 

O tempo foi passando e o sonho martelando minha cabeça. Um dia apareceram lá em casa, Três meninas gêmeas, adolescentes, que tinham vindo ao mundo, pelas mãos de vó Feliciana, pensei é mais um aviso.

 

Gostei de uma delas, a mais sorridente e rolou um namorico.

 

Comecei a pensar como seria bom, viver em Belo Horizonte. Poderia ir à cinemas, lanchonetes, quem sabe conhecer alguém, ir a baladas, festas.  Mas antes teria que estudar. Pensei, “ agora chegou a hora. Tenho que decidir, jogador de futebol já vi que não daria.

 

Pensei “ será que estou preparado para enfrentar um vestibular? “

Me lembrei que lá na minha terra, eu tinha feito um bom curso. Graças a minha vó Feliciana, as professoras sempre tiveram por mim, um carinho todo especial, um atendimento diferenciado.

 

No dia de escolher o curso, passei uma noite agitada. Quase não conseguir dormir. Levantei durante a madrugada liguei a TV, e aí aconteceu uma coisa surpreendente: apareceu o Sérgio Reis cantando o “ menino da porteira. ”

 

Pronto, recebi o recado, no dia seguinte me escrevi para o curso de medicina.

 

Prestei vestibular e entrei agradecida a Deus pelas professoras que tive.

 

O curso não foi fácil. Exigiu muito trabalho, empenho, sacrifícios.

 

Formado, comecei a trabalhar em Belo Horizonte. Residência e ambulatório.

 

Depois de um ano, senti vontade de fazer uma visita à minha terra.

 

Lá chegando, fui recebido com carinho que só as pessoas das pequenas Cidades costumam dar. Vieram pessoas que minha avó ajudou a nascer, antigas professoras, amigos de infância. Foi aí que eu pensei: meu lugar é aqui.

 

Larguei meu trabalho em Belo Horizonte e vim transferido para o posto de saúde daqui, onde faço tudo, inclusive parto. Voltei a ser o “ menino da parteira”.

 

Continuo apaixonado por uma das gêmeas. Acho que até o fim do ano, vamos casar.

 

E aí começar tudo de novo.

Problemas

Todos nós temos problemas, e os meus, começaram cedo.

Não bastasse meus irmãos pegando meus brinquedos e minha mãe me obrigando a comer verdura, chegava na escola e a professora ditava: “ PROBLEMA”. X e Y para decifrar, equacionar e resolver.

 

“ No fundo, bem lá no fundo, a gente gostaria que nossos problemas fossem resolvidos por decreto” disse Leminsky.

 

Só que não é assim. O X e Y, nunca mais saem da nossa vida, só varia o contexto, e surgem outros caras também em questões mais complexas: Tipo o Z, o W, a tangente, a raiz quadrada…

 

Noel Rosa disse: “ Já fui convidado para ser artista do nosso cinema, ser artista é bem fácil, sair do Estácio é o que é o X do problema.

 

O “ X”. Sempre ele.

 

Os problemas são sempre diversos, e variam de pessoas para pessoa.

Problema de alguns é emagrecer, de outros é engordar.

 

Para o adolescente, o problema são os pais, “ eles não me compreendem”, é o problema dos pais, é o adolescente. (Haja paciência)

 

Ser filho único é um problema, mas ter irmãos muitas vezes também é.

Uns tem problemas por ter muito dinheiro, ou autoconfiança, ou empatia, e outros tem problemas justamente pela falta de algum destes intens.

 

E um problema puxa o outro; e citando novamente Leminky: “ Problemas não se resolvem, problemas tem família grande, e aos domingos, saem todos para passear: sua senhora e seus probleminhas. ”

 

 

A verdade é que os problemas sempre vão existir e temos que enfrentá-los. Como bem disse Lennon: “ Não foque nos problemas, foque nas soluções. ”

Conheci um engenheiro que quando chegava na obra, e o encarregado dizia: “ Doutor estamos com um problema” e ele respondia: No dia que não tivermos problemas, você como encarregado e eu como engenheiro, perdemos o emprego.

 

Achar soluções, ponderar e seguir em frente, sabendo que é sempre uma tentativa e que no meio do caminho, novos problemas podem surgir, e exigir novas soluções.

 

Felizmente, alguns (poucos) problemas se resolvem sozinhos, com uma mãozinha do Universo e do tempo, que cura também alguns; e tem também aqueles que não tem solução, e por isso mesmo, já vem resolvidos. “ O que não tem remédio, remediado está, ” diz o dito popular.

 

Problemas também podem ser reais ou imaginários.

Conheci uma menina que chorava muito pela morte de seu gatinho. Quando perguntei sobre ele, me contou que ainda não tinha nem ganhado o gatinho, mas que sabia que o gatinho um dia ia morrer, então ela já estava se preparando. Sofria por um problema imaginário, uma projeção de um problema que talvez nem viesse a acontecer. Foi uma lição para mim.

 

Para os mais sábios como cabalistas, problemas são dádivas. São oportunidade que nos fazem desenvolver a inteligência, a colaboração, a força, a paciência, resiliência e tantas outras virtudes que não desenvolveríamos se estivesse sempre tudo cor de rosa.

 

Eu sou de natureza preocupada. Sempre perdi o sono por causa dos problemas que me parecem tragicamente gigantes a noite.

 

Uma fábula me ajudou a criar o hábito de tocar na árvore da minha caçada todo dia quando chego do trabalho, uma pitangueira. Deixo ali os meus problemas e somente os pegos de volta na manhã seguinte. Entro em casa leve. No dia seguinte, vou pegá-los e percebo que não eram assim tão grandes como eu pensava, e alguns outros, os imaginários, desapareceram.

 

Esse hiato é importante. Como disse Anderson o pensador, é preciso “esquecer os problemas do mundo e viajar para um lugar na minha mente, sem empecilhos de ser feliz. ”

 

Eu tento. Todo santo dia. Muitas vezes, na hora de dormir, os problemas dão as caras. Aí eu paro, respiro, e mando todo mundo de volta para árvore.

O Vice Deus

Acabo de ler no livro Homo-Sapiense de Y.N. Harari, que o homem há 70 mil anos era um animal sem qualquer expressão no Planeta.

 

E 70 mil anos, em se tratando de idade geológica é praticamente ontem.

 

Mas é inegável que de lá para cá, o Homo-Sapiense teve uma evolução fantástica que está acontecendo ainda hoje com uma velocidade exponencial.

 

Aprendemos a fissurar o átomo, a modificar a molécula de sementes de alimentos, para aumentar a produtividade.

 

Construímos cidades, habitações, um comércio mundial, meios de transporte espetaculares, trem, automóveis, navios, aviões foguetes.

Criamos músicas que chegam na alma.

 

Estivemos na Lua e estamos explorando, cada vez mais o espaço sideral.

 

Por outro lado, destruímos cada vez mais ou meio ambiente. Exterminamos espécies animais, criamos outras, queimamos florestas, bloqueamos rios, estamos derretendo as geleiras.

 

Estamos nos reproduzindo a uma velocidade incrível. Hoje somos quase 8 bilhões de seres humanos.

Escrevemos livros sublimes, bíblias

 

A pergunta que se faz: para onde vamos indo? Até quando o Homo-Sapiense pensa que é vice Deus?

 

Ou tomamos juízo ou…mas contamos com a Providência divina e a capacidade do homem de superar problemas.

 

Vamos em frente.

Antonia

Bem na esquina morava Dona Antônia. Na Cidade todo mundo a conhecia. Implicava com tudo, com os moleques que jogavam futebol na rua, com os carros que passavam em velocidade.

Sua vítima mais constante era o jornaleiro Toninho, que tinha uma banca um pouco mais para lá.

Ela tentou, porque tentou tirar o jornaleiro de lá: Foi até falar com o Prefeito. Ela dizia: “ele ocupa toda calçada, não dá para passar ninguém, e a sujeira que ele faz! Fuma como uma chaminé e a fumaça entra pela minha janela. ”. Não sei como porque, a janela dela estava sempre fechada.

A única criatura que a aturava Dona Antônia era o cachorrinho vira lata que vivia com ela.

Dava broncas terríveis nele. Parece que ele nem ligava. Permanecia estático, olhando para frente com a cara de paisagem.

A calçada em frente à casa de Dona Antônia, era mais limpa da Cidade.

De madrugada era comum vê-la esfregando com um escovão, e sabão de pedra, e aí é que estava o problema. Se alguém passasse com o sapato sujo, deixando suas marcas, essa mulher entrava em transe.

Gritava, xingava, a coisa mais bonita que falava era:  “ seu porco de M. vai pro chiqueiro. ”

Quando passavam as adolescentes e cuspiam um chiclete, para desgrudar ela ficava de joelhos na calçada, raspando até que tirasse tudo.

Quase na outra esquina veio morar uma moça do interior. Tininha era o nome dela.

Quando chegou na rua não acreditou que pudesse existir pessoa tão mau humorada. Pensou, vou dobrar essa mulher.

Fez um bolo e mandou um pedaço para Dona Antônia, ela experimentou e disse: “tá embatumado. “

Tininha não desistiu. Fez brigadeiro e mandou um pratinho.

Dona Antônia provou e disse: “ O gosto é bom, mas não está no ponto. ”

Que progresso pensou Tininha, pelo menos o gosto estava bom.

Acontece que Tininha estava grávida, e mais algumas semanas nasceram as gêmeas. Dona Antônia ficou sabendo e teve curiosidade de ver as meninas.

A primeira vez que Tininha saiu de casa com as bebês, num carrinho duplo, Dona Antônia não se aguentou e veio ver as crianças.

Deu risadinha, incrível, nunca se tinha visto isso.

Todos os dias pela manhã, quando Tininha ia passear com as nenês, Dona Antônia descia. Uma das vezes trouxe um par de meinhas e uma touca, para cada uma delas, de crochê, que ela mesma fizera.

Com o passar dos dias, Tininha percebeu que Dona Antônia era uma pessoa carente, nunca se casara, nunca tivera filhos.

Depois disso aos poucos, ela foi amolecendo. Todos os dias, depois do almoço levava cafezinho pro Toninho joalheiro, antes seu inimigo mortal.

Quando encontrava as crianças, estendia os braços para elas e dizia: “ vem com a vovó. ”

Ficou muito amiga de Tininha, que por ser do Interior, não tinha com quem deixar as crianças quando saia. Dona Antônia, então se sentia a mais feliz das criaturas.

Nota do Autor: Este é um conto de ficção, a única coisa verdadeira é o personagem Tininha que é do livro “ mulheres reciclando a alma. ”

 

 

 

 

 

 

 

 

Destino

Vida, vento, velas, pra onde me levas? (Raimundo Nonato). Deixa a vida me levar, vida leva eu (Zeca Pagodinho).

 

Os espíritas dizem: “Estamos aqui para cumprir nossa missão”. E eu pergunto: “Existe Destino”? Cada um de nós quando nasce, tem um destino marcado? E aonde fica livre arbítrio do ser humano?

 

Quantas pessoas procuram uma cartomante para saber seu Destino. Terá alguma base lógica?

 

Ninguém pode negar que algumas coisas são traçadas. Porque eu nasci aqui neste lugar, porque pertenço a esta família, porque fui escolhido para ser filho, desse pai e dessa mãe, porque tenho esses irmãos?

 

Então, poderíamos dizer que, a nossa partida foi escolha o Destino. Bem, daí em diante, nós podemos interagir?

 

Podemos dizer que nenhum ser humano é totalmente livre?

 

Todos nascemos com uma carga genética, que não podemos renunciar. Ela está lá. São o fruto dos nossos antepassados. Sem dúvida vai nos orientar pela vida.

 

Nas religiões o Destino é determinado pela Divindade. Existem fatos, fatalidade, que temos que passar?

 

Alheio a nossa vontade, temos ações vitais executadas por nosso organismo: como batimentos cardíaco, circulação sanguínea, respiração, etc. De certa forma é impossível escapar desse Destino.

 

Desde o nosso nascimento, quando viemos ao mundo, em todo momento, é o nosso Destino evoluir, aprender, contestar. Nos tornarmos jovens, maduros, velhos e depois morrermos. Disso ninguém pode fugir, essa etapa final do Destino também é imposto.

 

Conhecer a si mesmo é crucial, é mutável pelas circunstâncias. Não podemos mudar as coisas, mas sim nossa relação com ela, e a maneira de vive-las.

 

Nosso livre arbítrio, então é relativo. “ Vida, vento, velas, pra onde me levas”?