Arquivos mensais: dezembro 2020

O GATO LUKE, nosso MALUKE


 

Luke se tornou um gato grande, lindo, carinhoso e levado.

 

Quando ouvíamos algum barulho de coisas caindo ou quebrando já sabíamos que era ele: nosso MALUKE!

 

Ele se enfiava em qualquer lugar, curioso que era.

 

Um dia Luke escapou. Nossa casa não tem rota de fuga, foi uma bobeada no início da noite.

 

Ele, esperto, vendo essa chance aproveitou.

 

Pela manhã quando colocamos a ração no pratinho, ele que sempre vinha correndo, não apareceu.

 

  • Gente, cadê o Luke? Ele sumiu!

 

Quem tem gato que eles se escondem em lugares impossíveis.

 

Tenho uma amiga mística  jura que eles se escondem e sim vão dar um passeio em outras dimensões…

 

Mas em que dimensão estava meu gato?

 

E toca procurar embaixo da cama, sofás, armários, gavetas, jardim…Cadê o Luke Meu Deus?

 

Alarmada fui para rua perguntar se alguém o tinha visto.

 

E sim, para meu desespero, ele fora visto fugindo!

 

-Ele correu para direita em direção à Rua Comandante…disse o vigia da rua.

 

Só que tem um bichinho perdido sabe o desespero que é. Luke nunca tinha saído de casa.

 

Entrei em casa gritando;

 

-QUEM DEIXOU O LUKE ESCAPAR????

  

Mas isso é besteira, poderia ter acontecido com qualquer um. Chega de perder tempo, vamos agir!

 

Primeiro avisamos os vizinhos e os vigias das ruas.

 

Em seguida postei em todas as redes sociais e comecei a confeccionar panfletos para espalhar em lugares estratégicos.

 

Esse foi um dos momentos mais difíceis nesse processo. Eu mal conseguia escolher uma foto. Meu coração sangrava ao ao ver a carinha do Luke, aquela carinha amada.

 

Eu estava tão desesperada que não conseguia nem chorar.

 

Com ajuda de pessoas solidárias, colamos panfletos por todo bairro. Em cruzamentos, comércios, pontos de ônibus, lugares estratégicos.

 

Agora não tinha mais nada a fazer, era rezar e esperar.

 

Mas eu não conseguia, comecei a sair todas as noites chamando por ele. E fiz uma promessa de salvar vidas de cinco gatos se Luke aparecesse.

 

Foi quando recebi uma dica que mudou tudo: deixar sua caixa de areia do lado de fora da porta, na rua.

 

Dizem que os gatos podem sentir um cheiro a kilometros e achar o caminho de casa.

 

Assim o fiz e a partir desse momento, mistérios começaram a acontecer.

 

O GATO PRETO

 

Passando alguns dias, de madrugada ouvi um miado forte e insistente.

 

Me sobressaltei, achei que era o Luke.

 

Espiei da varanda; era um gato preto que miava olhando para porta.

 

Na madrugada seguinte, ele estava de volta.

 

Comecei a achar aquilo curioso. Ele deve ter sentido o cheiro da areia, pensei.

 

Uma tarde, ele apareceu na calçada. Via-se que era de rua, um gato diferente, todo preto com os olhos meio separados, uma mancha branca no meio da testa.

 

Ofereci a ele comida e água, mas ele só me olhava e miava.

 

Todas as tardes ele aparecia e as crianças da casa vizinha começaram a brincar com ele e queriam adotá-lo. Pediram minha ajuda para convencer a mãe que com muita má vontade topou, mas não queria ele dentro de casa.

 

As crianças fizeram então um cafofo junto com a caixa de luz, um lugarzinho protegido, mas acesso a rua, onde colocaram água e comida.

 

Dera-lhe o nome de MOONLIGTH.

O GATO AMARELO

 

Já passara uma semana desde o sumiço do LuKe. A angústia agora era algo sólido, palpável.

 

SOLIDARIEDADE, ALARMES FALSOS  E UMA VIDENTE

 

Fiquei surpresa com a quantidade de pessoas solidárias que apareceram nesse processo.

 

Desconhecidos me ligaram para dar apoio. Nas redes sociais me contavam casos com finais felizes, diziam que iria rezar para São Francisco.

 

Apareceram também inúmeros alarmes falsos: viram o Luke na rua de baixo, na rua de cima, numa mochila sendo levado por um homem, entrando num carro, preso no jardim de uma casa, num terreno baldio do outro lado da cidade.

 

Já cheguei a sair de casa muitas vezes no meio da noite atrás de pistas falsas.

 

Eu rezava para que, se tivesse pego ele, que fosse alguém que iria tratá-lo bem.

 

Dez dias e nada. Nenhuma pista sólida. As pessoas me aconselharam a desistir e me conformar.

 

Eu não conseguia me concentrar em nada e nem conseguia chorar. Chorar era admitir que algo de ruim tivesse acontecido.

 

Ofereci para os vigias de todas as ruas 500 reais de recompensa. Assim prestariam mais atenção, pois os gatos sai na rua à noite.

 

Me dava um alento ver o Moonligth deitadinho no cafofo com água. Esse pelo menos está feliz.

 

Um dia me liga uma mulher. Disse que era vidente e podia ajudar, Aquilo me deu esperança. Ela pediu uma foto dele e disse que passaria a noite em meditação e pela manhã teria uma resposta.

 

Onde quer que ele estivesse, eu iria buscá-lo, nem que fosse em outro país.

 

De manhã ela liga e diz com maior frieza do mundo:

 

  • Eu vi seu gato, ele não está mais aqui. Foi atropelado e morreu. Mas isso não é uma coisa ruim, agora ele está num lugar melhor.

 

Me tranquei no banheiro. Imaginei a carinha dele num corpinho machucado e sem vida.

 

Coloquei uma toalha no rosto e dessa vez chorei tudo, durante muito, muito tempo.

 

O GATO LUKE MALUKE

 

O tempo passou e eu estava cansada. 

 

Uma manhã toca a campainha, era o vigia:

 

-Vi seu gato correndo para dentro de um bueiro de esquina!

 

Creio que deve ter sido trigésimo alarme do “aparecimento” do Luke na rua.

 

-Ah, tá Seu Adenildo, legal, muito bom, obrigado, pode ser né, ok, já vou ver… que preguiça de outro alarme falso!

 

Sai para rua sem vontade. Ele apontou:  bem nesse bueiro.

 

Chamei seu nome como havia feito centenas de vezes, só que dessa vez sem vontade: LUKEEEEeee.

Nada de Luke, é óbvio.

 

Nisso passa Zeze, uma vizinha muito especial, que tem muitos bichos e uma sintonia incrível com eles.

 

Contei o que estava fazendo ali.

 

Ela me diz:

 

-Ele está aí dentro.

 

Não sabia por onde começar. Quem sabe o homem das das gatoeiras poderia me ajudar. De noite fui até a pracinha e lá estava ele, incansável na sua missão.

 

Contei sobre a minha promessa.

 

Ele me diz:

 

-Se a senhora estiver disposta, o gato amarelo que a senhora viu era uma prenha bem adiantada. Amamentou os filhotes um pouco e se mandou. Os filhotes estão aqui, se quizer pode dar lar temporário até achar adotantes.

 

Eram 5 bebês. Promessa cumprida. Peguei a caixa onde estavam e levei para casa.

 

Ao tirar a tampa, me comovi com aqueles bichinhos, miniaturas de gato indefesos, enroladinhos num montinho…

Fiz um um cafofinho quente e fui tirando um a um para ajeita-los.

 

Os dois amarelos eram mais gorduchos.

 

Mas o que aconteceu a seguir foi emocionante: ao tirar os três pretinhos da caixa não acreditei no que vi: olhinhos, pintinha branca no meio da testa: Mooonligt!

 

Não sei que mistério aconteceu nessa história> Moonglith salvou a vida do Luke e Luke salvou a vida de seus filhotes.

 

Uma história e tanto.

 

Na verdade, o Luke salvou a vida de mais gatos, pois tocou muito a situação da quantidade de gatos abandonados e me tornei uma protetora.

 

Hoje dou lar temporário para gatinhos de rua e mamães abandonadas, achando lares para eles depois de recuperados.

 

E isso me faz muito feliz.

 

Obrigada meu Luke Maluque!

 

GATINHO LUKE

 

Luke é meu terceiro gato. Foi adotado depois de uma gata MIUMIU morreu e a gatinha Pipoca ficou sozinha.

 

No Pet Shop estava acontecendo uma feirinha de adoção e havia ninhada adandonada no lixo que acabara de ser resgatada. Luke estava entre eles.

 

Confesso que de início não reparei naquele sialatinha de olhos azuis, estava a procura de uma gatinha branca pra fazer para com minha pretinha.

 

Mas não tinha nenhuma!

 

Continuei olhando, pesquisando.

 

Me chamou a atenção um gatinho de olhos azuis que mexia com seus companheiros, pulava, dava mordidinha, lambia, todo animado.

 

Abri a gaiola e peguei ele no colo. foi amor à primeira vista. Ele ronronava na minha mão esticava a patinha querendo brincar.

 

-Achei meu gato, vou querer ele!

 

Que decepção : ele já estava adotado.

 

  • Ah! não acredito…

 

Resolvi sair de lá e tomar um café, estava frustrada.

 

  • Poxa porque eles deixaram um gatinho que foi adotado lá em exposição? E nem avisaram? Muito chato isso!

 

Voltei lá para agradecer e desejar boa sorte, tinha perdido o pique.

 

Quando cheguei, ela veio toda feliz:

 

  • Desistiram da adoção, o gatinho é seu!

 

Foi assim que Luke entrou nas nossas vidas. Sorte nossa!

 

Levamos aquele bebe para casa sem saber que ele salvaria a vida de muitos outros filhotes naquela mesma situação em que fora encontrado: descartado.