Maria Luiza, chamada de Luizinha, era uma jovem alegre e falante. Compreensiva, piadista, sempre atualizada, adorava contar um caso. Psicóloga que era, ajudava à todas.
Primeiramente seus colegas de faculdade, depois mais tarde os pacientes.
Tinha uma penca deles. Todos a amavam, porque ela era muito carismática, além de uma ótima profissional. Sabia escutar cada um com seus problemas e sempre os escutava sem julga-los.
Casou-se, os filhos tinham veneração por ela, costumavam dizer para os amigos: “Minha mãe é o máximo! ”
Bem, depois de toda essa propaganda, os amigos de seus filhos passaram a gostar de estar com ela e ouvi-la.
Ouvir suas piadas, ou qualquer coisa que a Dr. Luizinha dissesse, os jovens achavam demais.
Todos foram crescendo e continuaram a frequentar sua casa. Casaram-se e tiveram filhos.
Os netos quando pequenos só queriam ficar com a vovó! Pois ela era paciente e brincalhona também.
Adolescentes pediam conselhos. Riam muito com ela.
Luizinha tinha muito orgulho disso.
Sentia-se útil, pois entre um papo e outro, ia colocando conceitos sábios.
De repente a Luizinha percebeu que já não era a principal peça do grupo e descobriu que todos nós descobriremos um dia: – idoso se torna transparente.
Quando jovens, somos cristais muito transparentes
Quando maduros, um espelho onde se percebe algumas vezes alguém se espelhando
Na velhice ninguém vê nada. Pois o cristal está opaco e não encanta mais.
Dona Luizinha, ficava triste de se sentir invisível. Não queria mais ir a lugar nenhum. Não sorria mais, sua risada alta, que era sua marca registrada, despareceu.
Mas logo chegou dia das mães e a família se reuniu no domingo, na casa do filho.
Dona Luizinha saiu carregada de flores, cartas, presentes, mimos, e abraços de amor…
Sua família estava toda lá: filhos, netos e bisnetos, que segundo ela, eram lindos, inteligentes, simpáticos e muito alegres.
Várias rodinhas se formaram naquela tarde, ela foi o centro de umas, e invisível em outras. Assim como todos os outros que ali estavam. “ É a vida, pensou ela. ”
Compreendeu que ela não era invisível para aqueles que realmente importavam a ela, e que era hora de voltar a sorrir e ser feliz.
Gente alegre, nunca será invisível, se tornará invisível, ou será invisível!