Arquivos mensais: agosto 2021

A COR VERMELHA

 

Tenho muito dó da cor vermelha. Ela não é feia nem nada, pelo contrário, é lindíssima.

A questão é que ela foi escolhida para representar a maioria das coisas chatas.

O sinal de PARE do farol por exemplo. É como se o amarelo fosse aquele amigo sacana que sai correndo e te larga lá, olhando a bola vermelha alaranjada, frustrado.

O vermelho também é a cor escolhida para representar as piores coisas da escola.

A caneta do professor que estampa aquele X na prova. Chega a esquentar o papel. E o que dizer das “notas vermelhas” no boletim? É o atestado de burrice.

O vermelho, coitado, também é usado quando a sua situação financeira está ferrada:

⁃ “Esse mês estou no vermelho. ”

E até no futebol, aquele cartão queimando o bolso do juiz e que vai ferrar a vida do jogador é, advinha? Sim, vermelho.

E no relógio do carro, a cor que aponta a falta de gasolina é o vermelho. Desagradável.

E a luz vermelha que aparece na hora de “nada a declarar na alfândega”? Ferrou.

Tem o vermelho da raiva, do ódio, da vergonha.

Uma das justificativas é que vermelho é uma cor forte, de aviso.

Mas porque não usar outras cores como aquela cor fosforescente dos aeroportos?

Seria muito bom para o vermelho dividir o fardo.

Porém tudo tem dois lados e essa vida é justa (até no mundo das cores).

E por isso, o vermelho tem uma missão importantíssima, que nenhuma outra cor tem: a de representar o AMOR!

CHEGA DE RODINHAS

Existem vários rituais de passagem na vida.

Aprender a andar de bicicleta quando criança é um deles.

Abandonar as rodinhas é o primeiro passo em direção à independência, e consequentemente à liberdade.

Tenho visto com tristeza um “personal biker ” uniformizado ensinando as crianças a pedalar no parque.

Fico triste pois a participação dos pais nessa tarefa é tão fundamental a ponto de impactar a vida de seu filho para sempre.

Gosto de observar pais incansáveis, empurrando a bike dezenas de vezes, embaixo do sol, com as costas envergadas, orientando pacientemente o pequeno e inseguro piloto.

E que alegria ver o filho vitorioso!

Nesse ritual os pais ensinam a principal lição para os desafios da vida: a superação do medo e a tenacidade!

⁃. Não desiste filho! Vamos tentar de novo!

Desse ritual nasce no coração da criança a alegria de sentir que seus pais desejam seu crescimento em direção a autonomia.

Desse ritual nasce a confiança de que seus pais estarão ao seu lado nos desafios do seu desenvolvimento.

Desse ritual nasce a cumplicidade de pais e filhos na hora da vitória.

Fico feliz de ver cenas como quando a criança se desvencilha dos pais e vai sozinha.

Felizes são os pais que saboreiam esse ritual de passagem dos seus filhos.

Enchem o coração da criança com a certeza de que a partir daquele momento, o mundo é dele.