Arquivos mensais: outubro 2013

Menina Ursa

 

Por Sandra Romano

Sandra Romano

Eu sou a menina ursa. Quer dizer, não que eu seja parecida com uma ursa peluda, nada disso. Ganhei esse apelido depois de uma besteira engraçada que eu fiz, tentando acabar com minha solidão. Tenho 10 anos e nasci no interior dos Estados Unidos, numa região de lindas florestas e repleta de animais selvagens. Mas por ser uma região afastada, aqui também pode ser muito solitário. Moro com minha mãe muito longe da cidade, numa casa de madeira perto da reserva florestal, onde ela trabalha como meteorologista. Muitas vezes ela erra a previsão e fala que é culpa dos aparelhos! Mamãe trabalha muito e as vezes quando não quero ficar sozinha, vou junto, mas confesso que ficar no meio daqueles aparelhos pode ser entediante. Minha escola fica a uma hora de casa. Mamãe me leva de carro durante os dias mais quentes, mas durante o inverno quase não consigo ir, principalmente por causa da neve. Então eu fico isolada e a professora manda todo o material para que eu estude em casa. Nesses dias me sinto muito sozinha. Eu queria ter pelo menos um cãozinho, mas depois de Doggy mamãe nunca quis outro cão, diz que sofreu demais com a doença do bichinho. Mas agora sou que sofro… de solidão. Pensando em como resolver esse problema, tive uma ideia que me valeu o apelido de menina ursa. Surgiu quando eu estava lembrando do Halloween do ano passado quando me fantasiei de múmia muda. Me enfaixei inteira, apenas deixando os olhos e o buraquinho do nariz de fora. Tudo isso pra ficar do lado dele, minha paixão platônica, o ruivinho da aula de piano sem que ele percebesse. Foi engraçado porque depois de passarmos a festa inteira juntos indo de casa em casa, ele disse: -Até logo amiga… alias você é nova por aqui, não? Isso mostrou que o disfarce funcionou perfeitamente! Então estava resolvido: iria me fantasiar de bicho para arranjar amigos da floresta. Urso seria o disfarce mais indicado, e pelo meu tamanho não tinha muita escolha. Vesti um casaco de pele marrom da minha mãe que cobria ate o joelho e calcei botas de couro marrom, cobri a cabeça com um gorro de lã preta e calcei luvas escuras que deixavam as pontas dos dedos amostras “como garras”, pensei. Com toda coragem, comecei a sair no tempo gelado em direção a floresta todos os dias. A cada dia eu entrava um pouco mais fundo naquela mata, mas nenhum bichinho se aproximava, ao contrário, fugiam. Foi uma rotina gelada e cansativa. Quando estava quase desistindo, avistei com surpresa e medo uma família de ursos junto ao rio: a mãe com três filhotes. Quando me acalmei, tentei me aproximar, mas, achei mais prudente ficar só observando. Fiz isso durante vários dias seguidos. Só arrisquei uma aproximação quando vi que que a mãe tinha saído. Fui me aproximando bem devagar dos filhotes que começaram a me rondar, me cheirar… Depois de se acostumarem com minha presença, começaram a brincar, corriam e faziam ruídos engraçados a minha volta. Me davam patadas e com seus dedos pude sentir os pelos macios dos filhotes. Com eles passei três tardes muito divertidas! Eles já eram meus melhores amigos! A noite, sozinha na cama, em vez de solidão, me senti feliz… Porem, no quarto dia, surpresa! Dei de cara com mamãe ursa! Como havia me esquecido completamente dela? Ela me olhou bem nos olhos com furiosa curiosidade, talvez estranhando aquela fantasia, ou talvez estivesse sentindo em mim cheiro de seus filhotes. De repente ficou com a respiração pesada, e fungando ficou de pé me mostrando os dentes de um jeito nada amigável. Em pânico, corri como só quem encontra um urso zangado consegue correr, e com a habilidade que sempre tive subi bem alto na primeira arvore que encontrei. Por sorte era bem alta. La em baixo mamãe ursa furiosa, arranhava a terra, rodava em volta do caule arfando, querendo subir e me pegar. Fiquei desesperada, mas aos poucos fui me controlando. De repente visualizei minha situação: Tentando resolver meu problema de solidão, acabei no meio da floresta, sozinha em cima de uma arvore, ridicularmente fantasiada de bicho, correndo risco de virar comida de urso, passando medo, frio, longe de casa, da escola dos amigos, do ruivinho do piano, sem ursinhos, sem cachorro, sem mãe…. -Socorrooooooooooooo!!! Enquanto gritava o mais alto de podia, avistei uma fumaça fraca que vinha das profundezas da floresta, mas estava tão desesperada que nem dei importância. Depois de muito berrar e chorar, apareceram dois guardas florestais que afastaram a ursa e me resgataram -Que fantasia é essa garota? Disse o guarda quase sorrindo. -É uma longa historia seu guarda, Disse envergonhada, e aproveitando para mudar de assunto, contei a eles da fumaça que havia visto na floresta. Chegando no calor da minha casa, pensei na minha mãe, em quanto ela me amava… como a minha mamãe ursa meteorogista! Resumindo a história: Eu ganhei o apelido de menina ursa, virei heroína por ter impedido um grande incêndio e na escola por ter tido a coragem de brincar com filhotes de ursos selvagens e enfrentar uma ursa furiosa. Mas meu problema de solidão mesmo, só foi resolvido mesmo com dois cãezinhos que ganhei da minha mãe e com o olhar apaixonado de um certo ruivinho assim que entrei na sala de musica.

Sugestões de relacionamento- Lista

4580274_10578420_lz SUGESTÕES DO RELACIONAMENTO FELIZ (VERSÃO MASCULINA):

1 – Nunca elogie outra mulher na frente da sua.

2 – Se alguma mulher estiver olhando para você e sua perceber, se finja de morto.

3 – Se você esqueceu o aniversário dela, ai não tem jeito, você se ferrou.

4 – Se ela perguntar: “você acha que estou gorda?” nunca entre no mérito. Diga somente: “você está sempre linda.”

5 – Mande flores, presentes, recadinhos, e-mail principalmente sem motivo. Vai pegar bem.

6 – Ouça suas queixas (não dê opinião nem conselhos) abraços, carinhos, beijinhos, são fundamentais.

7 – Procure encarar os problemas com leveza. Seja engraçado. Nunca seja chato. Bom humor é fundamental.

8 – Nunca queira entender a cabeça de uma mulher, é mais fácil montar um relógio no escuro, dentro de um ônibus, com a mão direita amarrada.

9 – Em matéria de dinheiro, diga que ela é econômica. Nunca gasta à toa. (mesmo que não seja verdade).

10 – Por fim diga a ela que sem ela você não existe. Que ela lhe completa, que é tudo para você.

 

4580274_10578420_lzSUGESTÕES DO RELACIONAMENTO FELIZ (VERSÃO FEMININA):

1 – Alimente sempre o ego de seu companheiro diga que ele é inteligente, engraçado e esperto.

2 – Nunca vá dormir, sem antes ter feito as pazes.

3 – Não seja exigente demais. Aceite numa boa o que ele pode oferecer.

4 – Dê muitos beijos, abraços, pegue na mão dele, seja carinhosa sempre de dia e de noite.

5 – Ouça os problemas dele como se fossem os mais sérios e importantes do planeta. Não dê palpites mesmo que solicitada. Diga para ter calma que ele saberá resolver com o tempo.

6 – Seja companheira, amiga, simpática, faça dele seu melhor amigo: colecione bons momentos!

7 – Seja feliz independentemente dele, e tenha projetos que a apaixonem e deixe que ele tenha os dele. Este é o melhor jeito de preservar a adimiração mútua, fundamental numa relação duradoura.

8 – Deixe que o amor(e não só o amor por “ele”) a transforme em sua melhor versão.

9 – Lembre-se que o amor não é mágica e tem que ser cultivado no dia a dia.

10 – Ame até as suas feiurinhas, orelhas ou nariz, diga que são seus “charminhos”.

11 – Mesmo que você seja uma halterofilista profissional, finja sempre que não consegue abrir o vidro de palmito, só ele!

Boa sorte

“Navegar é preciso, viver não é preciso”

foto para o blog

Por Simone Romano

 

Esta frase de Fernando Pessoa sempre me impactou muito, desde cedo , ainda na escola.
Quando menina, achava graça :
navegar é preciso ,viver não é preciso !!!só mesmo se a gente fosse um barco, não gente..!..
Passados vinte anos, ainda não sei bem o que Pessoa quis dizer com esta frase, sei apenas que o significado dela ainda me inquieta

Vida e navegação, de inicio, me pareciam o mesmo.
E a vida não é mesmo um eterno navegar?
Há aquilo que está debaixo do controle do navegador : o leme, as cordas,a direção, a rota , o porto pretendido.
Mas há algo no navegar que não controlamos: o mau tempo, o bom tempo, a correnteza, a calmaria, obstáculos geográficos intransponíveis…

Há tempos em que o melhor a fazer é entregar-se às mares, ao imponderável . Ah, como pode ser surpreendente soltar as amarras, abandonar-se , entregar, confiar , e quantas surpresas reserva mesmo a sorte…!

Em minhas patéticas navegações, percebo que mais vale a direção que o destino pretendido.
Não importa muito o porto de destino, (sempre tão provisório.), importa é a direção que estamos escolhendo nesta grande viagem, o que estamos buscando, e a serviço
do que estamos navegando……

De volta à Pessoa, ouvi uma interpretação que me ajudou na minhas indagações internas    ( e eternas) de que o viver é inerente a nós, nos foi dado, e um dia será tirado,cabendo a nós somente navegar…
Navegar, escrever (e reescrever) a carta de navegação, recheando deliciosamente o diário de nossa viagem-vida até o último dia, nunca deixando de nos encantar com ela.
Outra coisa que aprendemos à medida do tempo( afinal envelhecer deve ter alguma vantagem! ) é navegar com pouca bagagem, livrar-se daquilo que não precisamos mais, de idéias que nem são nossas,dos tantos apegos, das mágoas velhas, livrar-se, simples assim…
Carregar somente o essencial , reservando algum espaço para entrar o novo.
Mas o diário de bordo …. ?!!
Este há de ser imenso, pesado, se possível várias edições , fascículos, emendas, fotografias, casos,amores, recortes, rabiscos, delícias, abraços,poemas, canções..

Certas lembranças são bagagens eternas, aquela pessoa que a gente tanto amou (por que foi mesmo que a gente se separou?), aquela conversa à noite na praia, aquela
pessoa que você viu de passagem e te sorriu , aquela que você de repente perdoou, aquela chuva, sua grande amiga,parceira na vida, como esquecer aqueles olhos cálidos? aquele abraço , a sensação de estar sob uma onda que quebra, o riso incontrolável, o silêncio que disse tudo, a luta, o sorriso da suas crianças …

Recentemente , li um artigo sobre a história de Portugal e sua notória busca colonialista através dos mares.

Por muitos anos, milhares de homens foram embuídos à grande missão de conquistar terras, enfrentando o mar ainda não decifrado, sem saber ao certo se iam voltar, deixavam suas famílias e partiam a serviço à um propósito maior: a pátria.

Quantos e quantos sabiam que poderiam não voltar , mas o
que importava? Navegar era preciso, viver?  não era tão preciso…

Penso nestes homens, penso em Deus, e aí , penso em mim mesma , em meu barquinho querendo agora navegar outros ventos, com alegria e excelência,  ciente da efemeridade de todas as coisas.
Navegar à serviço do propósito maior da minha existência , por todas as rotas e destinos,  que me forem necessários, sabendo que o destino último só será alcançado,
se assim estiver escrito, com a libertação da própria vida.

Gedeão

Geraldo Romano
Geraldo Romano

Como se dizia antigamente, eu cursei o ginásio e o secundário no Colégio São Bento. Formação católica tinha sempre aulas de religião, com tudo que tem direito, provas mensais, provas finais, boletim etc. Quem não passasse, ia para segunda época. Quem na segunda época tomasse pau, era convidado a se retirar do Colégio. Meu professor de religião no colégio foi Dom José. Inteligente, muito culto, intelectual, E ai é que estava o problema. Num dos anos, na prova final, ele resolveu inovar e decidiu: “Este ano quero fazer uma avaliação do conhecimento de vocês sobre a Bíblia sagrada, vou sortear diversos personagens bíblicos, um para cada aluno e vocês vão discorrer sobre ele. Feito o sorteio eu cai com Gedeão. Confesso que nunca tinha ouvido falar esse nome. Perguntei para os colegas próximos, para alguém me dar uma dica. Nada. Mudei de lugar alegando que não estava enxergando bem. Mentira, queria saber se alguém próximo do novo lugar sabia alguma coisa. Nada, ninguém sabia, Fui então até Dom José e falei- Padre estou me lembrando de Gedeão, mas estou fazendo confusão, me dá uma pista. Ele falou alguma coisa, que francamente eu não entendi, fiquei mais perdido ainda. E eu ainda pensei, não vou entregar a prova em branco. E comecei: – Quando a gente estuda a Bíblia, um personagem logo aparece, e nos encanta pelas suas posturas, pelos seus ensinamentos: Gedeão. Muitas vezes em nossas vidas, estamos divididos, não sabemos que caminho seguir, aonde vamos encontrar respostas para nossas duvidas? Nas sábias palavras de Gedeão, muitas vezes notamos que estamos cometendo alguma falta, e estamos trilhando um caminho errado, e nos lembramos do exemplo de Gedeão. E fui por ai a fora, preenchendo duas folhas de almaço, com o que se convencionou chamar de encher linguiça. Pensei: Dom José não vai ter tempo de ler minha dissertação, com tantas provas para corrigir. Pela extensão ao menos cinco ele vai me dar. Ledo engano. Ele leu tudo e é claro me deu zero. Não satisfeito ainda acrescentou: – Como poderei suportá-lo ? Não me conformei, fui falar com ele, disse que tive azar, sorteei um personagem difícil que ele deveria levar em consideração meu esforço. Ele sorriu e acrescentou: -Você além de azarado é um cara de pau. Somente muitos anos depois fui no google para saber quem tinha sido Gedeão. Está no livro dos Juízes do Velho Testamento. Entre outras coisas, com apenas 300 israelitas, ele derrotou um exército de 130mil midianistas, libertando seu povo. E eu soubesse disso naquela época teria escrito, não duas, mas 4 folhas de almaço.

Três bons motivos para se ter um filho

1- Para te trazer juízo. Do dia que um filho nasce em diante, sua vida nunca mais será a mesma. Você terá medo de fazer aquelas insanidades que antes considerava normal. Você será muito mais cuidadoso. Você quer viver para sempre só para protege-lo.

2- Para entender o que é felicidade de verdade. Quando você vê seu filho rindo e se divertindo, seu coração sente uma alegria incomensurável. É uma ternura diferente, que até então é impossível de se conhecer. Só quem já ficou olhando seu filho dormindo, com cara de anjo, sabe o que é isso.

3- Para finalmente dar um sentido transcendental para a tua vida, ao se deparar com a verdade inquestionável de que sem Deus você não teria feito aquela obra perfeita sozinho. Filho é a prova máxima e definitiva de que Deus existe.

Autor: Sílvia Romano

O Rei

Desde pequeno ele tinha um sonho. -Um dia ainda vou ser rei. Pensava: rei da Inglaterra com aquela coroa pesada cheia de brilhantes, com aquela capa com pele de coelho nas beiradas ou quem sabe rei da Espanha, mais fácil, ou rei da Dinamarca. Ai ele pensou deve ser difícil aprender a língua, melhor não.  Vado vivia sonhando, Vado não, Vadão, como os meninos da rua o chamavam. Também quem mandou ser  mais alto e mais gordinho que todos, era Vadão, Vadão, Vadão. Ele não ligava, somente sorria. Um dia pensou, quem sabe um pais africano. Pegou um atlas foi vendo os nomes, de repente encontrou Sudão, então pensou Vadão o rei  do Sudão, gostou, sorriu, já se imaginava com um gorro africano na cabeça, cheio de pingentes, saia escocesa, barriga para ser rei ele tinha. Na escola quando tirava nota  baixa no boletim vinha aquela bronca da mãe. Ele dizia: Mãe eu um dia ainda vou seu rei. Os amigos sabendo da estória, ficavam caçoando: Vadão o rei da gozação, ele sorria, não ligava. Quando enfim ele completou o colegial e  teve que escolher uma carreira, não teve dúvida, vai ser administração. Já imaginou Vadão o rei da administração. Já se via, sentado na cadeira de Presidente, com dezenas de  auxiliares perto… e claro, uma secretária gata. Outras vezes pensava, vou montar uma padaria serei Vadão o rei do pão. Mas nem descendente de  portugueses eu sou. De família italiana, melhor uma fábrica de massas, Vadão o rei do macarrão. Até que chegou a festa  de formatura, beca, chapéu e diploma na mão, lá se foi o Vadão. Como estava difícil um emprego para recém formado, pensou: para quebrar o galho vou começar fazendo uns carretos com minha camionete, e para  não perder a mania escreveu nas duas portas; Vadão o rei do furgão, e continuou à sorrir e a sonhar.