Arquivos mensais: agosto 2014

Livros: sem eles não fico

Eu dou risada, fico triste, choro. Já senti muita raiva. Às vezes fico com medo de continuar, porém a curiosidade é tão grande que não consigo parar. Torço para que tudo aconteça como imaginei, mas nem sempre as coisas acontecem como eu gostaria, é claro.  A vida é assim. Outras vezes me surpreendo, porque tudo acaba bem, mesmo quando a encrenca era tão grande que parecia que não tinha mais jeito.

Já viajei no tempo e fui para o passado. Vi a escravidão e fiquei horrorizada. Quanta maldade! Não imaginava que existissem pessoas tão ruins no mundo. Quem também vi sofrer muito foi uma garota, uma tal de Poliana. Tudo de ruim acontecia com ela, mas ela não deixava a peteca cair. Ela nunca ficava triste, porque em tudo ela conseguia ver alguma coisa boa. Até mesmo no quartinho minúsculo e abafado e cheio de moscas em que ela dormia. Às vezes eu queria ser mais como ela.

Conheci também a Amélia, uma menina muito esperta, que se disfarçava e descobria vários crimes. Ela desconfiava de gente comum, mas no fim ela sempre estava certa. Eram bandidos mesmo! Por falar em crimes, já vi um detetive a desvendar um assassinato. Um não, nove assassinatos. Cada pessoa que morria aparecia uma pequena estátua de um negrinho quebrada. Como eram nove negrinhos, eu sabia que mais gente iria morrer. Foi tudo muito assustador!

Nem tudo foi tenso. Convivi com gente muito engraçada, como um garoto que tem um tigre que fala. Eles me divertiram com suas piadas e foram muito legais os momentos em que estive com eles. Pena que passaram rápido demais.  Adorei também conhecer a Raquel, uma menina que andava com um galo e um alfinete de estimação na bolsa. Assim como o tigre, eles também falavam com ela. Fiquei com muita vontade de ter um brinquedo que também falasse comigo.

De quem eu tive muita pena foi de um garoto horrível, que foi construído pelo pai. Por ser muito feio, ninguém respeitava o coitado. Ele acabou se tornando malvado. Se fosse hoje, seria considerado bulling e com certeza ele não seria tão judiado. Quem sabe ele não seria um menino legal?

Adoro viajar nos livros e entro com tudo nas histórias, sou engolida por elas.  Nesses momentos não ouço minha mãe me chamar, meus irmãos brigarem comigo, a minha cachorrinha latir. Não ouço nem mesmo o meu celular tocar. Quando termino um livro, fico assim meio triste, parece que estou me despedindo daqueles personagens. E eu odeio despedidas. É por isso que não deixo a minha mãe doar os meus livros, gosto de saber que quando eu quiser posso abri-los e matar as saudades!

Nina Romano Aiach