Arquivos mensais: janeiro 2018

O Sonho

Marta e José estavam casados já algum tempo. Tinham uma situação financeira  estável.

 

Davam-se muito bem, eram jovens e alegres e acima de tudo amavam-se muito.

 

Foram vizinhos toda a vida. Amigos, até perceberem que estavam apaixonados. Casaram!

 

Quando souberam que não podiam ter filhos, não se aborreceram. Combinaram que iriam aproveitar a vida ao máximo, como um casal em lua de mel. E assim foi.

 

Divertiram-se muito.

 

Riram e aproveitaram o amor que tinham um pelo outro e pela vida.

 

Durante dois anos fizeram viagens de todos os tipos, esportes malucos, aventuras incríveis, passeios românticos até volta ao mundo num veleiro de um amigo.

 

Mas de repente o vazio. Mais um pouco de aventura.

 

Uma casinha no campo! Por pouco tempo funcionou mas… foram consultar outros médicos ! até para os Estados Unidos eles foram, de onde voltaram sem esperanças nenhuma de um dia serem pais.

 

Novamente a medicina provou que filhos eles não teriam.

 

Tudo bem! Disse ele, tiramos de letra. Vamos mudar para uma casa maior, onde poderemos receber os amigos, fazer jantares, churrascos, pizzas, festas etc… mas apesar de tudo perceberam que alguma coisa estava faltando em suas vidas: – um filho!

 

Decidiram. Vamos adotar. Já que não teremos mesmo, pois daqui a pouco estaremos velhos e aí vai ficar difícil. Não consultaram a família, nem os amigos, ninguém.

 

Fizeram todos os procedimentos e após a aprovação, foram para a fila.

 

Queriam um menino, mais tarde talvez uma menina.

 

Decidiram o nome, a escola para o moleque, o time para o qual ele torceria, até a roupa que o moleque iria usar.

 

Estava pronto no sonho. Fácil sonhar!

 

Mas … nem sempre o sonho é se transforma em realidade, e foi o que aconteceu.

 

Foram chamados para uma entrevista para conhecer o bebê. No caminho felizes, havia uma certa ansiedade. Aquele riso nervoso, os pés balançando.

 

Conversaram o tempo todo sobre o Junior, riram muito. Chegando ao hospital  para onde foram encaminhados, entraram paramentados na UTI Neo Natal e lá  viram 2 bebês, Meninas.

 

Pequenininhas, dentro de uma mini incubadeira com soro, e muitos outros fios ligados a elas.

 

Não quiseram olhar. Foram embora decepcionados.

 

Não conseguiram  dormir a noite toda. Tinha sido uma frustração muito grande. Não viam a hora de amanhecer. Para voltar ao hospital e ver as bebês. Por serem prematuras ,ficaram bastante tempo no hospital, tempo este que infelizmente seus pais vieram a falecer (Ah! Maldita droga).

 

No hospital  entraram. Ansiosos, suando, tremendo e preocupados

 

Na recepção outra decepção

 

Teriam que esperar pois havia um casal  muito interessado visitando as meninas. Mas como queriam um só, foram embora.

 

Após algum tempo entraram e ao fitar as bebês uma delas por um instante abriu os olhinhos, e aquilo  cativou o coração dos dois de tal forma, que não houve como não querer leva-las para casa!

 

Iam todo dia visita-las. Ficavam lá dentro o tempo todo. Quando ele não podia ela ia sozinha e ficava la falando com os bebes. Cantava baixinho para elas acariciava suas mãozinhas.

 

Ia embora querendo ficar.

 

A única coisa que lhes disseram no hospital é que a mãe comentou, queria  que uma se chamassem Maria Lucia e a outra Maria Luiza.

 

Eram tão iguais, que ninguém conseguia distingui-las, e para piorar já lá no hospital as duas eram conhecidas como “ as Malus”.

 

Após os tramites levaram as pequenas para casa. Era véspera de Natal.

 

A casa brilhava com as luzes! Embaixo da arvore muitos presentes para as bebes.

 

Puseram as meninas nos seus bercinhos, no lindo quarto, e desceram para brindar.

 

Jamais houve na vida de Maria e José uma noite de Natal tão linda!

 

Não convidaram ninguém, queriam curtir as suas filhinhas nessa noite tão especial.

 

Jamais esqueceram.

Registram as meninas como:

 

Maria Lucia de Jesus…

e

Maria Luiza de Jesus…

 

Somente a mãe, conseguia distinguir uma da outra.

 

A vida vazia se transformou numa festa constante.

 

Diziam a todos que tinham em casa DOIS anjos, que chegaram na noite de natal!!!

 

As suas Malus.

GUERRA AO 99

Outro dia fui ao supermercado. Um suco custava R$ 4,99. Então pensei só de chato vou comprar um e pagar com uma nota de R$ 5,00. Fiquei esperando o troco. Moeda de R$ 1 centavo não existe na praça. A caixa ficou me olhando e vendo que eu queria o troco, me deu uma moeda de 5 centavos. “ótimo ganhei  4 centavos”. Só que logo depois perdi a moeda. É praga do 99.

 

Por que não colocam R$ 5,00 de vez, tentam iludir o cliente que custa R$ 4,00 e alguma coisa? As pessoas só se fixam no quatro, não veem o resto.

 

Não concordo. R$ 16,99 para um pessimista como eu, È R$ 17,00, O otimista diz: — custa R$ 16!

 

Até taxi 99 agora existe! Não para mim, não pego.

 

E as famosas lojas de R$ 1,99? Não tem nenhum produto por esse preço. Outro dia entrei numa delas, tinha uma banca de R$ 1,99. Fui olhar.

 

Eram bonecas com defeitos, algumas faltavam um braço, outras uma perna. Quer dizer um braço ou uma perna tem o mesmo valor? Foi ai que pensei  “vou dar uma de esperto e comprar  duas” Chegando em casa, tiro a perna de uma e coloco na outra . Resultado, perdi R$ 3,98, pois a perna não encaixava  de jeito nenhum. Foi Praga!

 

Outro dia entrei no supermercado e comprei diversos produtos com o preço de alguma coisa vírgula 99, Chamei o gerente, pedi um desconto.

 

Falei — só pago algo + 98! Explicando minha implicância pelo 99. Não adiantou, ele não cedeu e eu devolvi a compra.

 

Os jurados do programa tipo “dança dos famosos”, quando o cara vai muito mal eles dão 9.7, se o cara vai mais ou menos dão 9.8, quando é bom dão 9.9 (praga) só quando o cara é perfeito dão 10. Já observei. Nenhum candidato que tirou 9.9 ganhou a final.

 

É a praga dos 99, não tem exceção.

 

Outro dia sonhei que tinham dois números nove, correndo atrás de mim. Queriam me assaltar tive que entrar numa igreja para me livrar deles. Ficaram parados na porta um de cada lado. Depois de muito esperar, desistiram e foram embora. Esses 99 me perseguem.

 

Por outro lado fico no lugar deles. Já pensou em ser 99 a vida toda e nunca chegar a 100?