Arquivos mensais: janeiro 2015

ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS

Existe algo mais anacrônico hoje em dia do que album de fotografias? Depois das fotos digitais, gravação de fotos no computador, pen drive, e agora os arquivos nas nuvens…?

Outro dia minha neta Tuque-Tuque, abriu um desses álbuns, que agente ainda guarda num armário perdido, e ficou pasma quando encontrou uma foto minha, da juventude, na beira da piscina, e viu que eu tinha uma barriga de tanquinho. – “Vô não acredito olha sua barriga agora! Tem uma onda só!”  E eu acrescentei: “ – Voce não faz ideia, quantos dólares eu gasto para manter esta barriga.”

Não resisti, e comecei a folhear o álbum. Encontrei uma foto do meu casamento civil. Lá estava o Pacheco, coitado morreu cedo. Meu pai, minha mãe, minha sogra, todos já na glória de Deus. E os padrinhos, também já se foram.  Vivos mesmos só eu e minha mulher. Até o juiz de paz…

Vendo as fotos que  tirei ao longo da vida, constato que na maior parte daqueles lugares, se eu estive, apagou-se da minhan memória. “- Mas será que são minhas essas fotos?”

Encontro uma foto de minha mulher grávida. Essa foto valeu. Uma de minhas filhas  sempre teve dúvida se ela era adotada. Serviu de prova.

Vendo essas fotos, tenho vontade de picar tudo e jogar fora. Abrir espaço no armário para guardar outras tranqueiras. Ai resolvo fazer uma seleção antes de picar com certeza.

Todas as fotos dos “ex” namorados, namoradas, etc, vou picar. Ou no mínimo, fazer como antigamente, recortar com uma tesoura as caras dos “ex”.

Aquelas fotos das crianças fazendo castelo de areia, não posso picar.  A foto da cachorrinha que quando morreu minha mulher chorou uma semana, essa eu vou picar.

Encontro uma foto de minha juventude, eu e minha mulher,  ainda solteiros. Lá estão também  o Paulinho que era apaixonado por ela e a Claudia que gostava de mim. Essa não vou picar. Vou fazer no Paulinho, um óculos, um cabelo moicano, e um cachimbo na boca. A Claudia vou deixar  do jeito que está. Tão linda sorrindo. Para que minha mulher não reclame , caso encontre esta foto, só vou fazer um dente banguela.

Acho uma foto com dedicatória: Aos queridos padrinhos uma recordação da 1ª comunhão, Tadeu. Vejo bem a foto, vou buscar nas profundezas da memória, quem seria essa pessoa. – “ Acho que era o filho do Nicola…” e por falar nisso que fim levou o Nicola? Lembro da sua figura: gordo, baixinho, sem pescoço. Peidava que era só ele. E se justificava “ – operei a vesícula”. Torcia para o time rival…

Pensando bem, vou chamar o meu neto Dedé que sabe tudo de computador, pedir para ele escanear todo álbum e arquivar nas nuvens. Tem que ser um arquivo seguro. Assim não ficarei com remorso, de picar uma foto por engano. Abrirei espaço no armário. Minha mulher vai gostar.