Arquivos mensais: abril 2018

Alazão

Estes fatos aconteceram por volta de 1935 “ZI” Salvatore era um carroceiro e trabalhava na mansão dos Romanhollis.

 

A mansão ocupava um quarteirão inteiro da charmosa Av. Paulista.

 

Todos os dias, por volta das 4:00h da manhã ZI Salvatore pegava  a sua carroça puxado pelo burro que ele apelidou de Alazão, e ia da mansão dos Romanhollis até o Mercado Municipal (Mercadão) para compras verduras, as melhores frutas, e os mais fresquinhos frutos de mar, tudo de acordo com o pedido do cozinheiro chefe, e os trazia para a mansão.

 

Todos os dias era a mesma coisa, inclusive aos domingos. Era da mansão ao Mercadão, deste à mansão.

 

Isto se repetiu por longos anos, de tal forma que o Alazão só sabia seguir este trajeto, se alguém tentasse mudar de caminho ele se recusava e impacava, como se dizia naquela época.

 

Um dia, quando estava voltando para casa ZI Salvatore sentiu-se mal e desmaiou. Alazão o trouxe de volta para a mansão mesmo sem o condutor e assim ele pode ser socorrido.

 

ZI  Salvatore compreendendo o que se passava na cabeça do Alazão, adotava um esquema para fazer qualquer outro trajeto: amarrava uma venda nos olhos do Alazão e ele ia puxando a carroça a pé, segurando o Alazão pela boca.

 

O tempo foi passado até que ZI Salvatore resolveu se aposentar.

 

Com as economias de uma vida de trabalho, comprou um Sítio onde foi morar.

 

Pediu para os Romanhollis se ele poderia levar o Alazão consigo, nesta altura já bastante velho.

Os Romanhollis concordaram e lá se foram ZI Salvatore e o Alazão morar no Sítio.

 

Alazão pastava e ficava na porta da casa do Sítio, esperando um afago ou uma espiga de milho, dados por “ZI Salvatore”.

 

Eu me lembro que quando a professora passava uma matéria nova na escola, e se eu tivesse preguiça ou dificuldade de aprender, minha mãe dizia: “você esta parecendo o burro do ZI Salvatore não quer aprender nada de novo”

 

Acho que todos nós temos um pouco disso, se estamos na nossa zona de conforto, é difícil sair dela.