Arquivos mensais: maio 2017

O PARTO

Sempre pensei que parto fosse aquele ato de dar a luz.

 

Com o tempo fui descobrindo que existem muitos outros usos para a palavra.

 

Para mim pessoalmente, me sentindo na situação de um bebê, sair da cama, bem cedo, no frio, ai! Que coisa complicada. Costumo brincar, isto é um verdadeiro parto. Sair daquele quentinho gostoso para enfrentar o dia, que, como um bebê recém-nascido, não saberei como será.

 

Bem, já ouvi muitas vezes:  “Nossa foi um parto ”.

 

Tentar entrar no vagão do metro na hora do Rush! Meu Deus, que parto!

 

Foi um parto conseguir descalçar a bota depois de 10horas no avião.

 

Um verdadeiro parto aconteceu numa  noite de chuva e frio em que a Borboleta, nossa Golden, pôs no mundo 12 cachorrinhos! Complicado isso.

 

Arrancar um dente com duas raízes, sendo que uma delas era bem curva. Até a dentista disse que foi um verdadeiro parto.

 

Escrevendo este texto, porém percebi,  que NÃO!  A palavra parto não poderia jamais ser usada de forma tão vulgar.

 

Parto significa parir.

 

Parir significa dar a luz.

 

Dar a luz significa trazer ao mundo um bebê.

E trazer ao mundo um bebe, significa a alegria imensa de ver o fruto (em situações normais – claro) do amor de um casal que se ama.

 

E um casal que se ama, inebriado de carinho, amor infinito, e responsabilidade, sempre se lembrará de que este grande presente de Deus será seu para sempre.

 

Dedico este texto para Sil, San, Mo, Ste.

 

 

Língua de Gato

Eu nasci no dia de natal. É maravilhoso nascer nesse dia.Todas as pessoas esquecem seus problemas e se confraternizam. Velhas rusgas familiares, são esquecidas. Nenhum amigo esquece seu aniversário, e sempre ligam.

 

Só tem um problema, quem nasce no dia de natal só ganha um presente.

 

Eu desce pequeno reclamava com a minha mãe, mas ela com a diplomacia que só as mães sabem usar dizia “no seu presente eu capricho mais”.

 

Teve um ano porém que além do presente de natal, ganhei um presente de aniversário: uma caixa de chocolate língua de gato.

 

Para se ter ideia do valor deste presente, é preciso lembrar que não existia naquela época a quantidade enorme de chocolates, que existe hoje, nacionais e importados.

 

Fiquei deslumbrado com as línguas de gato. A primeira coisa que fiz foi arranjar um esconderijo, para que os meus irmãos não descobrissem.

 

Toda noite eu pegava uma língua de gato e saboreava bem devagar.

 

Um dia minha irmã me flagrou comendo o chocolate: “que você está comendo” e eu com os dentes lambuzados respondi sorrindo “nada é remédio”

 

Um dia dois amigos de minha irmã vieram fazer uma visita para ela. Como não havia nada para oferecer, além de um café, minha mãe ordenou: “vai buscar a língua de gato”.

 

Naquela época não se discutia. Ordem, era para ser cumprida e pronto.

 

Dei a caixa para a minha mãe, que ofereceu para as visitas.

Para o meu desespero, eles foram comendo uma a uma, até a caixa ficar vazia.

 

Outro dia contei essa historia para a minha filha mais velha. Ela ficou emocionada. A noite me deu de presente, uma caixa de língua de gato.

 

Abri o presente, comi uma e dei outra para a minha mulher. Guardei a caixa em meu armário.

 

No dia seguinte a noite fui até a caixa de chocolate, e ela estava vazia. Meus netos tinham estado a tarde na minha casa, descobriram a caixa, e comeram tudo.

 

Foi ai que eu pensei “não dou sorte com língua de gato”

O velhote, a mocinha e o hippie

Deus me foi apresentado quando eu ainda era praticamente um bebê.

Aquela figura, um velhote gorducho e de cara brava, não podia ser tão bonzinho. Falavam que ele castigava!

E principalmente castigava as crianças que não comiam todo bife de fígado, como eu, que dava tudo escondido para o gato.

Maria, a Nossa Senhora veio logo depois. Ela, uma mocinha feita de marfim que morava dentro de uma espécie de foguetinho, e viajava intergalaticamente, ao sabor da minha imaginação.

Era corajosa, aquela mocinha.

Depois veio Jesus, um moço de cabelo comprido e barbudo, tipo um hippie, que falava de paz e amor.

Eu não entendia como aquele moço cabeludo podia ser filho de um velhote bravo, que nem Deus. Deveria ficar de castigo todo dia porque me falavam que Jesus não parava em casa, vivia por aí com um monte de hippies, nas montanhas, cantando e conversando.

Conforme cresci e estudei para a primeira comunhão, fiquei mais informada sobre essas três pessoas.

Mas minha opinião não mudou muito sobre eles.

Maria continua sendo aquela mocinha corajosa, que aceitou ficar grávida para gerar Jesus, o filho de Deus.

Jesus, continua o hippie que falava de paz e amor, e ainda anda por aí, espalhando essa mensagem com simplicidade no coração das pessoas.

Quanto a Deus, minha opinião mudou um pouco.

Ele continua a ser aquele velhinho gorducho, mas não é bravo, castigador, é bonzinho e cheio de presentes, assim tipo Papai Noel !!!