Arquivos mensais: julho 2016

O MUNDO É REALMENTE PEQUENO!

            Estava eu na fila do check-in. Aeroporto lotado, como sempre, nessa época de férias.

         Entediada, comecei a prestar atenção num casal que chegava com suas bagagens de grife e tentava discretamente furar a fila.

Foi ai que lembrei da minha sogra. Ai, ai, ai, ela não iria deixar passar.

“Olha aqui. Na minha frente não.

Estão vendo aquela gorda? O fim da fila é lá”.

O casal se fez de migué!

Não satisfeita eu comecei a instigar os outros passageiros: “vamos lá gente! Esse povo granfino arruinado se acha!” e continuei: “já que a senhora se dá ares de rainha e pensa que é melhor que nós, por que não viaja de executiva?”.

Foi ai que minha vizinha de fila se envolveu também: “é isso ai. Acha que só porque tem dinheiro pode se jogar assim na frente dos outros”.

O casal então se virou na minha direção e foi então que eu percebi que aquele não era um casal de estranhos. Reconheci pela voz dele. Virgulino meu primeiro amor. Meu coração disparou! Era ele! Meu Deus! Sempre fui apaixonada pelo Lino,com aquele seu sotaque nordestino sexy. Mais sexy ainda era seu bigode fininho.

Foi ai que ouvi a mulher do casal falar para o marido: “essa loirinha oxigenada está olhando prá você”.Não esperou a resposta do marido, não se conteve e olhando para mim falou “Rampeira”.

Ah! Não me segurei  sai prá cima dela. Rolou logo aquele “deixa disso”. Rampeira! Ora o que? Lino ali olhando e eu lembrando…

Lembrei da sua pegada, a fama de pegador… como ele foi casar com essa perua? Por um instante, quando ela me olhou percebi que conhecia aquele olhar, não sei de onde… mas de onde meu Deus?

Ah! Lembrei! Não é possível. Era  ela! Ela!  Minha inimiga dos tempos de balada.

Ela ficava sempre com meus paqueras e algumas vezes a gente chegou a se desentender.

Bem que eu imaginava mesmo que gente boa ela não era. Lembro dela sempre fazendo charme para os seguranças só prá não pagar o ingresso.

Mas isso não explica como o Lino, o meu Lino, acabou com ela. Logo ele que sempre foi tranquilo, ficar com essa bisca.

Eu  resolvi me aproximar. Lino me reconheceu na hora. Ela também, e me lançou um olhar de triunfo, como que dizendo: “o Virgulino é só meu agora! Dançou Nêga”!

Não pude suportar, num impulso, tasquei um beijo na boca do Lino. Meu marido não viu.

Ela começou a  berrar. Todos na fila mandavam ela calar a boca e voltar para o fim da fila, atrás da gorda. “ folgada, gritalhona”. Foi ai que eu rematei: “quer saber? Essas suas malas de grife são frias.  25 de Março, sem dúvida. E esses seus peitões? Cresceram de repente? Silicone, silicone. Há, há, há.

Foi nesse instante que a moça do balcão avisou: “ esse vôo foi cancelado por falta de aeronave”.

Foi um alvoroço total. Todo mundo gritando e protestando com a comissária. Um tumulto geral. Nessa confusão o Lino passou num papelzinho seu telefone, e fez um sinal “ me liga “.