Paris

Eram dois casais de turistas em Paris. Casados há alguns pares de anos com os filhos já crescidos e encaminhados.

As razões para se estar em Paris são muitas, mas ali a situação era a mesma : Ver se na cidade do amor nascia uma fagulha que fosse, um resgate.

A esposa se ressentia com os drinks cada vez mais frequentes do marido, da sua impaciência com a filha, do jeito indelicado com ela na cama, das noites do poker, do descaso com que ouvia seus problemas, com que olhava para ela e não a via…

O outro marido, muito bem colocado profissionalmente, ressentia-se da ambição desmedida da esposa, da falta de carinho, da pressão para ter amigos certos, da mania que ela tinha de mandar até nas roupas que ele vestia, de como o olhava e não o via…

Encontraram-se, os casais, na ponte dos amores em Paris.

Conheciam-se vagamente, e a coincidência do encontro inesperado, os levou a um bistrô, onde conversaram sobre Paris, filhos…a vida cotidiana.

Terminando o café, voltaram para ponte e admiraram os cadeados dos apaixonados.

Despediram-se.

Caminharam em direçoes opostas, os casais.

Uma lágrima então caiu no rosto da esposa, uma lágrima grossa, quente, a mesma matéria da lágrima que insistia em brotar nos olhos do outro marido.

Ali na ponte dos amores, veio, com violência, a lembrança daquele amor deles. Proibido, avassalador, do seu amor apressado, culpado, no carro, nos becos, nos quartos.

Um amor improvável, maravilhoso, cheio de carências de amor, de beijos urgentes de planos sonhados mas nunca vividos.

Um amor que não pode ser pleno, Impossível.

Depois de um tempo, separaram-se.

Caminharam em direções opostas, os dois.

Mas, sabiam, que essa dor desse amor de se gostar…não vai passar mais.

Jamais.

 

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