Matemática Pessoal

Meu primeiro contato com os números foi aos cinco anos, por aí.

 

Me ensinaram que eles serviam para representar a quantidade das coisas, tipo dois patinhos é igual ao número “2”.

 

No decorrer do tempo, tornei-me íntima dos numerais e comecei a imagina-los como uma pequena família.

 

E como toda família, cada um tem a sua própria personalidade.

 

O 1, por exemplo, é um menino traquinas, com o joelho sempre ralado.

 

Eu uso o verbo no presente pois ainda os sinto assim, personagens vivos.

 

O 5, é quem põe fogo no 1, que acaba sempre apanhando, coitado.

 

O 8 é um menino boa praça, adora contar piadas e tem risada mais gostosa do mundo.

 

Das meninas a 2 é a mais vaidosa, sempre cuidando dos seus cachinhos.

 

Já a 7 é a malvada, vive espionando e batendo nos irmãos.

 

A 6 é namoradeira, terrível! Pula a janela para ir à festas, deixando as irmãs em polvorosa quando tem que encobrir suas escapadas. Além disso é linda e esperta, amiga de toda malandragem da redondeza.

 

A 3 e a 4 são inseparáveis tem um mundo só delas, até uma língua inventaram para se comunicar.

 

Finalmente a 9! Ela é doce e solidária é a mãezona deles e adorada por todos.

 

Mas o tempo passou.

 

Essa família de numerais começou a mudar.

 

Ficaram de repente cheios de sinais, +, -, x, de virgulas, fracionados, entre parênteses, colchetes, positivos, negativos, atrás de zeros!

 

Eu não conseguia mais entende-los, e eles nem aí. Me olhavam sérios, ocupados em resolver complicados problemas.

 

Depois de um tempo me conformando, cheguei à conclusão: eles haviam crescido.

 

Não eram mais meus, eram do mundo, dos problemas, das equações!

 

Outro dia, os vi, em um caderno qualquer. Eles pareciam felizes, marchando todos amontoados, cheio daqueles sinais estranhos.

 

Mas vi algo que me preocupou.

 

As meninas, a 2, 3, 4, 7 e até a 9 estavam andando grudadinhas com os “x”, os bad-boys da redondeza.

 

Isso só pode ser coisas da 6!

 

Sabia que ela não é uma boa influência!

 

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