Nem sempre foi assim. Hoje vejo a vida meio poeticamente e acabei me tornando uma pessoa bastante indulgente, tanto com os outros como comigo mesma.
Minhas amigas dizem que uso permanentemente óculos de lentes cor de rosa, que me fazem enxergar a realidade mais agradável e as pessoas melhores do que realmente são.
Se enganam. Na verdade, minha paciência (ou resignação) existencial é na verdade uma grande preguiça, que se recusa propositalmente a focar nas mazelas da vida. É uma questão de escolha. Se indignar cansa demais. Não quero perder energia assim.
Aceitar a mão pesada do destino é mais fácil e muito mais leve.
Como é confortável acreditar numa esperança longínqua que um dia ainda poderá acontecer -como um passe de mágica- uma resolução natural para todos os males! Sigo confiante. E por decisão, alegre.
Às vezes, mediante a minha postura, perdem a paciência. ” Tire esses óculos Silvia!!”. Me recuso. Eu gosto de ser como sou. Eu sou preguiçosa.